sábado, 11 de junho de 2011


Traga, em pequenos goles,
Os poucos prazeres a ti concedidos,
Pois maior serão as tristezas,
As dores retidas de outras vidas.
Traga, e grave na retina
A imagem desta resplandecente
E oriunda sensação divina.
O prazer da existência,
O gozo à vida!

Suspensão


Nessa corrente que perpassa,
Os quatro cantos do corpo do mundo,
Quero soltar minha alma derradeira;
Quero atirar ao vento meus mais profundos desalentos
E deixar que, enfim, a alma em suspensão
Flutue e se eleve ao infinito da terra.

domingo, 5 de junho de 2011

ENLEIO


O corpo em enleios
É sorrateiro lodo transverso
Que pelo avesso cresce, e
No céu do ser se instala.

Obliquo, as tendências do eu,
Demonstra a descrença em si
E no lânguido passado.
Descrença está que sobressai
A força da sua própria subjetividade.

E remoto, e perdido
Descasa a fé da coisa amada.
Murchando a flor moça nascida
No tempo frouxo, quirera preciosidade,
Para transladar pior do que numa vida já passada.

Enleio – rude como o mármore funéreo,
Sombra duvidosa na noite do ser,
Eclipse imerso nos olhos,
Medo palpitante daquilo que se poderia ter.

Enleio este, que há tanto tempo assombrou,
E que agora vejo perdido
Sorrateiramente no passado.
Enleio que não afeta mais
Esse espírito que ama, e que é amado.