quinta-feira, 29 de julho de 2010

“Sua cidade, de viro e aço
Prende você
Seus documentos e as duplicatas
Cegam você!”
 Som Imaginário


 - Na natureza, então, tudo é perfeito!
Já que as causas sempre resultam em efeitos esperados, gerando uma necessidade entre elas.

- Uma bela perfeição!

- Se as coisas da natureza são perfeitas, o caos só existe no mundo em que o homem criou?

            Acabou sorrindo e levou a menina para a cama. Era hora de dormir.

terça-feira, 27 de julho de 2010




Quando me percebo
Sozinha
Em meio ao desespero, 
 Me pergunto:
O que completa
Esse homem cênico,
Em meio
A dureza da pedra,
Do cinza, que seca,
Suga,
 Roubando toda a essência
Natural?

 O que o leva
A mascarar
Mil faces de plenitude,
Felicidade?
 Pois gostaria também
De      degustar
Do mais puro contentamento,
 QUe me levariam
Aos prazeres dos bens supremos.
CAntaria uma linda canção
Que expressasse
Minha alegria em existir.

( - tom)   

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A ilusão é gratuita

- Juras que me ama,
E que por este mesmo motivo
Nunca duvidarás de mim?

- Sim, eu juro.

E assim é que caiu no mais profundo desencanto.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O fogo do tempo












O fogo,
Que moço,
Vem e queima
A pele
Daquele que um dia nasceu.

E se fosse meu ou seu,
O rosto
Que moço
Pôs-se a envelhecer?

Seriam feixes
Que queimam,
Secretamente,
Na lembrança
Da eterna criança
Que já morreu

Sempre dançando
No baile
De um tempo
Que não é mais seu.

E se o fogo
Viesse e queimasse
O corpo de um moço
Que pela poeira dos anos
Já envelheceu?

Seria o velho ou o moço
Que de mansinho se esconde
Em doces lembranças,
Amargas esperanças,
Fingindo não ser consigo,
Que a sonsa vitalidade o abandona,
Na esperança de viver
Apenas mais dez segundos
De ilusão?


quarta-feira, 14 de julho de 2010

A lei moral kantiana, sob o crivo das três peneiras de Schopenhauer

                 Schopenhaeur afirma que Kant, ao pressupor a existência de leis morais, fez uma suposição indevida, pois, como afirmado por Schopenhauer, Kant deveria ter investigado e demonstrado a validade da lei moral, ao invés de ter afirmado que esta valia para todo ser racional.*Mas minha leitura sobre a filosofia moral de Kant, me leva a defender que a crítica de Schopenhauer se apresenta como uma leitura equivocada da FMC.**

                 Kant, já no inicio do prefácio, FMC, não pressupõe a existência da lei moral, ele apenas tenta esclarecer que a lei moral é dada a todo o ser racional, através da razão, e que esta - a saber, a lei moral - não deve ser buscada em nenhum outro lugar, a não ser em uma pura filosofia.

                 Se Kant fez alguma pressuposição indevida, acredito que seja mais procedente afirmar que seu equívoco foi assumir a teoria de que só por sermos racionais é que podemos conceber a idéia da lei moral e não que Kant erra ao pressupor a existência de tais leis.

                 A moral "pressuposta indevidamente" por Kant, como defendido por Schopenhauer, está de acordo com o objetivo da FMC. Pois a FMC é a BUSCA e fixação do princípio supremo de moralidade, na esfera de princípios a priori. Onde mais Kant retiraria a moral, que deveria ser válida universalmente, já que, como afirmado por Kant, uma lei que tenha de valer moralmente, deve valer para todo ser racional? O que excluí da investigação de Kant recorrer ao conhecimento do homem, ou antropologia.

                 Uma vez que, no prefácio, Kant já afirma a necessidade da separação do empírico do racional, para a investigação da fonte de ensino a priori da razão, que nos possibilita conceber a idéia da lei moral, volto a afirmar que a crítica de Schopenhauer não procede com o objetivo da FMC, que se mantém em campo completamente a priori, o que excluí tudo o que for empírico.







* Infelizmente tenho dúvidas sobre a bibliografia, onde esta crítica se encontra.
** FMC - Fundamentação da Metafísica dos Costumes.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A RAZÃO PERSCRUTA E A FELICIDADE ORDENA



         Todo e qualquer ser racional, possuí um íntimo desejo, que é compartilhado pelos homens, apenas para com o querido EU: a busca da tão adorada felicidade. Não é por menos que tratados sobre isso foram desenvolvidos, não é por menos que apontam a felicidade como fim último de todas as coisas e investigam através das ações humanas, qual seria o motivo de tanto querer.


         Ela é tão presente no corriqueiro, no cotidiano, que parece até constituir morada dentro de nosso ser, ou se preferirem, dentro de nossa razão, pois é essa mesma razão que é forçada a investigar quais as possibilidades de uma ação que nos levaria a alcançar a tão almejada felicidade. A razão chega parecer apenas um brinquedo, em mãos pueris que desejam a todo custo sentir o prazer do ato ordenado pela “feliz felicidade que deseja ser saciada”.


         E diria mais, diria que Schopenhauer errou o alvo ao dizer que a Vontade é o que impulsiona o mundo, muito pelo contrário, a felicidade é o que faz com que o mundo gire, ao menos o nosso mundo; o meu primeiro motor, que me faz levantar todos os dias e buscar infinitamente ações que me levem a ser feliz ou colocá-las em um mural de pequenas felicidades que no fim, ao somarem-se, resultariam em uma grande felicidade.


         Essa afirmação deveria ser procedente se por um momento imaginássemos o homem desprovido não apenas dessa capacidade de buscar o que o faz feliz, mas da consciência que o faz desejar a felicidade, sem mesmo saber o que é a felicidade.


Se esse homem não tivesse forças para agarrar a felicidade com unhas e dentes, o que o teria levado a sonhar com a imensidão? Nada o faria querer voar como os pássaros se não existisse a idéia dentro dele da necessidade de felicidade! O que o tornaria feliz seria apenas alçar vôo, então sua razão deliberou e o resultado foi o avião, foram os foguetes, os carros, a tecnologia.


Mas neste ponto, me pergunto sobre o papel do egoísmo - que aqui será diferente de auto-conservação - diante do nosso estado de perseguidores da felicidade. Pois não seria ela a produzir esse egoísmo dentro de nós?


Pois só uma coisa pode vencer a razão, e essa é o egoísmo, como se a felicidade não jogasse limpo e nem medisse esforços para alcançar a sua supremacia. Então, perceba, como o homem é um mero fantoche, pois o que a felicidade desejar ou será saciado pela razão ou pelo egoísmo.


Esse egoísmo é expresso claramente nas mãos de facínoras, ladrões ou em nossas próprias ações quando em nosso íntimo, torcemos o nariz para algo que desejamos também, mas que apenas o cara do lado possui. É certo que em muitos casos, a razão mantém a sua consciência apontando que nem tudo pode ou deve ser saciado, mas em outros casos existe um descontrole, uma sede insaciável que retira o seu néctar, que há de beber, através da dor alheia.


Entretanto, é interessante perceber que o egoísmo cede completamente aos devaneios da felicidade, mas a razão ainda mantém o seu papel de prescrever e que muitas vezes acaba por ceder, mas não completamente, aos caprichos da felicidade.
Ela se manifesta diferentemente em cada um de nós, mas existe, em absoluto, dentro de todos nós, como condição básica para nos diferenciar de todos os outros animais.