domingo, 31 de janeiro de 2010

Depois de um Rock'n'roll


 Naquele momento, senti que poderia voar, bastava abrir os braços, bastava crer e então me lançaria em um céu multicolorido e infinitamente misterioso.
 O medo até então havia imperado; a estrada íngreme me incomodava, já não refletia tão bem, o corpo tenso...
 Uma montanha russa, a paisagem guinou, modificou! Uma curva surgiu, louca e excitante! A curva que mudou minha vida, a curva que me curou de medos e desdenhos!
Um leque mágico se desvelou! As estrelas todas sorriam pra mim, somente para mim...
as luzes da cidade ao longe, se apresentavam em mosaicos esplendidos, em cores estranhas mas ao mesmo tempo conhecidas, a estrada se transformou em um grande escorregador , iluminado pela lua, grande, imperando, astralizando, me seqüestrando!

 Abri os braços, para voar! Meu guia acelerou, a pista leve, lisa, me fez crer: “sim eu posso!”.

 Fechei os olhos e me elevei, assim como faria uma criança, que brinca como se fosse seus heróis. Respirei aquela sensação tão real, o mundo dos sonhadores... e descobri que ainda valia a pena arriscar, mesmo que no instante seguinte eu perdesse minha vitalidade, meus batimentos... eu estava lá, pronta para viver ou morrer...

Pronta para viver ou morrer... 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Despertar



 Amar assim, seria a
mais plena das loucuras, mas o que há de se fazer? Não pude escolher, antes de refletir já estava cativa e sem nem saber por quem.
 Que se há de conhecer desse ser, já não tenho tanta certeza... Conhece-se alguém como? Identificando cada perfeição e imperfeição aparente que se revela em uma esplendia face, ou se conhece pelos detalhes inconstantes da alma?
 Já não sei lhes dizer...
 Então fico a prosear com a única coisa que entra de acordo com essa loucura, o amor. Apenas ele consola; nem suas palavras me chegam aos ouvidos, nem suas palavras me juraram nada eterno; só o amor consola e cura, revela e desvenda para me fazer crer que é um ato tão puro amá-lo na escuridão, no anonimato, amá-lo na imaginação e na comprovação de quem realmente é.
 Sinto saudades, mas quem sou eu para desfolhar o coração diante de sua realidade palpável, nada sou... Nada me deve. Nada para mim e para meu amor fraterno, nada por desejar seu bem, por chorar de dor ao ver que estar feliz, tão longe dos meus braços, e lentamente transformar a dor em consolo, já que está feliz.
 Então, resta-me, discretamente,desejar em silencio que a vida lhe ensine que não precisamos jamais conjugar nosso amor, ou sentirmos que nossos corpos são um só, para realmente nos pertencermos, amor.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Uma corda bamba






 Olhei o céu, alguns pingos caiam, mas logo a chuva cederia. Deixei o guarda-chuva, meu pai disse:"Tem certeza de que vai sair?", eu sorri, e acenei. Fui até o ponto, a chuva começou a desabar em fortes torrentes. O ônibus chegou, eu subi, pensando na vida... escolhi um dos bancos do fundo, me aconcheguei, continuei pensando. Tudo comumente em seu devido lugar. Quinze minutos de viagem.Passamos o centro, nenhuma gota de chuva.
 Chegando ao terminal, meu celular começa a tocar, eu rapidamente o procuro. Poderia ser meu pai, prestes a me dar uma bronca, poderia ser um aviso de falecimento, poderia ser algo sério. Não o encontrava.
 O ônibus estacionou, levantei, ainda procurando o celular, quando piso em falso...
 Uma pontada agonizante na costela, que ia se espalhando para as demais partes do corpo, e um grito abafado, meu próprio grito de dor. Quando percebi, estava estirada na última parte da escada do ônibus. Uma senhora veio me ajudar, falava muito comigo, a voz insistia em não querer sair.
 Foi quando pensei: " A vida é uma corda bamba".
 Não sei dizer qual foi o passo em falso, não sei dizer como, nem por que. A única coisa, da qual posso dar mais informações, foi que ao conseguir pegar o celular e recuperar minha voz, retornei a chamada e era meu irmão pretendendo investir palavras duras contra mim, pois esqueci de deixar a pinça de sobrancelha em casa.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Grande sim. Mas não gigante.




Sair, encontrar o trânsito. Os carros tão rápidos, os caminhões, que se tombassem, me esmagaria completamente, os sinaleiros, que de forma alguma nos dá calma para cruzar uma rodovia... rodovia. As grandes construções.
 Tudo cinza, barulhento, esfumaçado, caótico. Então chego em casa, observo o enorme jardim, a paz, e volto a me sentir um pouco maior do que uma mosca.

AsTraLiZaÇãO




A energia foi emanando em ondas,
De pura vibração.
Contagiava-me em forma de elevação,
Tomando docemente todo o corpo.

Misturei as cores,
Reneguei os preconceitos
Apenas quis sentir
Naquele caminho suave,
Esquecido pelas pessoas banais.

Lá foi,
Surgindo, acentuando
Todo amor, toda felicidade,
Todo prazer!

Com as sensações
Beijei, toquei, respirei...

Com a imaginação
Astralizei!

Sai de dentro,
Preza por tantas multidões.
Desliguei os cabos,
Sintonizei no espiritual
E voei!

Pra bem longe...
E quando percebi
O que poderia ser que me ocorreu

Já não importava tanto assim
Desde que tenha notado
Que nunca sai desta trilha louca
Habitada dentro de cada um de nós!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ser somente o arremesso, a pedra que lancei A Barca do Sol




Ser assim, somente fumaça leve, dançando solta para a elevação mística... chegar ao universo misturada com as diferentes decomposições naturais, transformando-me, elevando-me, até ser parte de tudo. UNA!
 Ser interação de galáxias, separadas temporalmente, perder a consciência de espaço, de desintegração, participar fielmente da Vontade que a tudo tem movido.
 Ser a Vontade do Ser!
 Esquecer da Vontade suja e hipócrita que impulsa a individualidade, afirmada através da dor, impultada sem ressentimentos pelos fortes. Ser Vontade UNA, não a Vontade egoística, (tendo em vista que, talvez, a justiça eterna não valesse tanto assim).
 Afirmar, sem vergonhas ou sofismas, que na realidade, seria a Vontade humana impura, comparada a Vontade UNA.
 Ser somente a Vontade do Ser.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O supra sumo da bosta


Um pequeno tratado seria útil para alguns, quando um tema insiste em martelar nossas cabeças. Através de diversos debates - acrescentei alguns tópicos, que julgo importantes para o andamento correto do pensamento - chegamos a uma única conclusão sobre o homem moderno.

 O tema central, dentre todos os assuntos utilizados nesse estudo, empírico, é a questão da falta de subjetividade, somados a decadência do homem, enquanto ser pensante, reflexivo e artístico.

 O objetivo do presente texto é demonstrar de que forma a sociedade caminha, “manipuladamente”, como isso se interliga a morte da arte e a comprovação de que atualmente, só o que importa é o “poder pelo poder”.

 Espero a compreensão de todos os seres, iluminados intelectualmente, ou não, e dos grandes sábios, providos de uma boa retórica, para se sobreporem sobre outros.

 O que deve ficar explicito é que uma idéia nem sempre nasce de um gênio, ou seja, ela provavelmente será, ardorosamente, esculpida. Espero poder me utilizar, sempre de forma positiva, dos futuros comentários e criticas.

Atenciosamente.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Uma Trilha De Fumaça






Coloco todos os sentimentos estranhos em minha bolsa e decido seguir aquela estrada de fumaça, que com meu mais intenso prazer construí; o último trago, minhas vontades saciadas, onde dará a trilha de prazer?

Começo por escalar, a porta é aquele circulo vermelho, azul, violeta que em meus mais loucos frenesis excita uma desvairada vontade de possuí-lo, de admirá-lo. São longas voltas, são traços de sonhos, são as fitas de uma menina brincando por aquele extenso jardim, são olhos que hipnotizam dizendo-me cada vez mais alto “não deixe de existir”.

Após a porta, os passos incertos são firmados pela estrada, a fumaça foi dando espaço ao vidro, seco, frio, sólido. Começo a descer rumo ao universo, observo planetas sorridentes, trajados com ternos e gravatas, sapateando em um blues descontrolado e o que foi aquilo que observei? Espere... creio que seja o eterno big-ben dentro de nós.

Bolhas começam a sair de mim e dentro delas, adeus, estão meus sentimentos estranhos.

A estrada leva-me adiante e ao longe observo algo parecido como um altar. Existem milhares de estradas como aquele pela qual vim, todas terminando sempre mais a frente em um encontro glorioso de perturbações.

Astros, planetas, cartas de baralho, cogumelos e borboletas observam minhas ações, estão girando em torno do altar que irradia a dança da vida. Bules e xícaras de chá levam-me em direção a ele, mais à frente encontro o coelho do “país das maravilhas”, porém ao contrário de sempre não estava atrasado. Sorria para mim e através dele alcancei o altar.

Tudo a minha volta sumiu e os círculos de fogo voltaram a aparecer, contemplando-me.. a fumaça tornou a surgir, tudo começou a desmanchar em leves sopros e fragrâncias. Em cima do altar havia um olho muito atento, que a tudo observava enquanto refletia toda uma vida, que não me era estranha; a vida era sonho e o sonho era o mais real que até aquele momento tinha provado. Não pude resistir e ao tocar naquele olho descubro que eram meus olhos e todo aquele universo era meu próprio corpo... porém, esqueço-me do real. Acordo. Tive um sonho!

Enxugo minha baba enquanto acendo meu próximo cigarro...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Reflexão




Se esse é o meu mundo representável
De crueldade e injúrias,
Sou pura manifestação de egoísmo
Que a Vontade impulsiona inconscientemente.

Sou um animal seguindo os instintos
Que por vezes se esquece da razão.

Se há tão pouca consciência de bondade
Sou esse deus que transfigura a realidade.

Se as coisas, realmente puras, são devastadas
Toda culpa se debruça em meus ombros
E aos poucos os homens que criei
Matam esse mundo em si
Que não morrerá com a minha carne.

Esses homens sempre atrás de um por que.
Se separam da verdadeira força
E realmente se acham no poder,
Construindo todas essas bombas.

Um ser incapaz de sobreviver,
A fúria de um deus chamado Tempo.
Estará fadado sempre a vagar
E jamais encontrará o seu lugar.

Homens inúteis, de minha representação.

O que não basta



Se disser que vens,
Venha.
Mas que seja por inteiro.
Que venha
Mente, alma e coração.
E não essa composição
Descomposta,
E não só sua razão.

Se disser que chega
No início da estação invernal
Traga consigo
A primavera,
Para não deixar eterno vendaval.
Traga sol, flores,
Pois o frio permanece aqui
Desde o dia em que surgiu
Nosso primeiro adeus.

Se disser que ama,
Ame.
E faça dessa causa
Começos e fins,
Dessa causa
Faça motivos de existir,
Motivos para nunca desistir.

Se for morrer,
Morra para nascer,
Não o faça em meus braços.
Antes cresça,
Conheça o mundo,
Enxergue-me como deusa...
Não como madrasta.

Se for ficar,
Fique,
Fique por completo.
Sonhe nosso sonho,
Compartilhe nossa união.

E se for distanciar-se,
Mesmo que por segundos de imaginação,
É melhor que parta por completo,
Vá vivendo só nesse mundo certo
De sua composição
Descomposta,
De sua estúpida razão!


OBS: Para explicar a forma do poema, bastam algumas breves palavras:     
   A ARTE NÃO POSSUI PADRÃO.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Por que o homem não é feito de geléia?






 Por que dentre tantas matérias, desde o magnésio até o estado do plasma, o homem foi feito de carne, provido de músculos, artérias, pele e pensamento?

Por que dentre tantos elementos, como a água, o fogo ou até mesmo a terra, o homem foi manifestado de uma massa podre, sujeito a transformações e mutações, sujeito ao desgaste? Homem que nada pode e tudo quer...

 Por que não a eternidade? Por que não a beleza? Por quê?

 O homem... tão nojento, constituído hediondamente, parido em um espasmo junto com as entranhas de sua mãe – considerada campo de reprodução –, é tão inútil ao propósito místico, que deve, como castigo, falecer da pior forma existente, deve ter sua pele decomposta pelo tempo, sua vida arrancada lentamente, seu corpo, despercebidamente, atrofiado. E não pense você, leitor, político, ladrão, mulher linda e fútil, que escapará, não... no fim sua boca mal conterá a baba velha que escorrerá  rosto abaixo, você cagará em suas próprias roupas, como todos(risos de divertimento). Visualize seu viçoso corpo estrutural sendo destruído por fungos decompositores, pois é tão inútil a vida verdadeiramente viva que as fatalidades são obrigadas a trabalhar sem descanso para arrancar esse ser que devasta da Terra.

 E depois ainda pergunto-me, porque o homem não é feito de geléia?! Por que fica óbvio e se não fica é só repassarmos novamente as idéias anteriores.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010




A sensação não é como da primeira vez, que se sente uma onda arrebatadora inundar, de uma forma violentamente doce, o corpo... não. A sensação, de quando se pressente o fim, é de quase morte, afinal, é difícil deixar partir quem se ama e chega a ser cômico a forma como o amor se dispõe, como se ele fosse um tabuleiro e nós apenas peças da brincadeira desse deus cruel.

Se ao menos soubesse como se há de sofrer, talvez seria simples aceitar que, como o dia se vai para dar lugar à noite, as coisas se modificam, partem para dar espaço ao novo, simplesmente; porém não som os criados para isso, para compreender a ordem dos fatores, muito pelo contrário, somos criados com vistas na eternidade – a própria igreja nos leva a isso – , vivemos esperando pelo eterno e sofremos com isso, de repente, quando menos se espera, PUFF, lá se foi uma bela vida, desperdiçada como algo vão.

 Oras, por isso é difícil demais enxergar o que nos rodeia, pois com essa fixação em lembrarmos somente de nós, que importância teria o mundo e as pessoas que o preenchem?

  Observo, agora, tudo com olhos pueris, mas sei que amanhã não será assim, amanhã acordarei com o mesmo nó na garganta, lágrimas na alma, vistas voltadas para dentro. O mundo não terá mais importância e para alguns seria loucura, mas isso me lembra o que cita Kant, em um de seus livros, o homem possui a capacidade de saber o que é certo, porém não possui força suficiente para realizá-lo; se escrevo é na esperança de não esquecer... preciso lembrar que a disposição da natureza é essa, e porque falo em natureza?

 O ser humano é a única besta a crer que está separado da natureza; pensa ele, até, estar acima dela. Mas não, minha bestinha humana, somos todos natureza, tudo passará e nós também passaremos... o amor, os sentimentos, a vida, não deixarão de ser mais belos por isso.  

 Se não existe um lugar reservado para nós, junto aos deuses do Olímpio, não há por que temer. Afinal, se viemos do nada, qual seria a surpresa em retornar para o nada?

 O mesmo se pode dizer do amor, que veio do nada e logo partirá para isso. Entretanto, caros leitores, enquanto isso não ocorre – e o digo sem ilusões baby – provavelmente esquecerei tudo escrito acima e me acabarei nesse insano amor.