quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Uma Trilha De Fumaça






Coloco todos os sentimentos estranhos em minha bolsa e decido seguir aquela estrada de fumaça, que com meu mais intenso prazer construí; o último trago, minhas vontades saciadas, onde dará a trilha de prazer?

Começo por escalar, a porta é aquele circulo vermelho, azul, violeta que em meus mais loucos frenesis excita uma desvairada vontade de possuí-lo, de admirá-lo. São longas voltas, são traços de sonhos, são as fitas de uma menina brincando por aquele extenso jardim, são olhos que hipnotizam dizendo-me cada vez mais alto “não deixe de existir”.

Após a porta, os passos incertos são firmados pela estrada, a fumaça foi dando espaço ao vidro, seco, frio, sólido. Começo a descer rumo ao universo, observo planetas sorridentes, trajados com ternos e gravatas, sapateando em um blues descontrolado e o que foi aquilo que observei? Espere... creio que seja o eterno big-ben dentro de nós.

Bolhas começam a sair de mim e dentro delas, adeus, estão meus sentimentos estranhos.

A estrada leva-me adiante e ao longe observo algo parecido como um altar. Existem milhares de estradas como aquele pela qual vim, todas terminando sempre mais a frente em um encontro glorioso de perturbações.

Astros, planetas, cartas de baralho, cogumelos e borboletas observam minhas ações, estão girando em torno do altar que irradia a dança da vida. Bules e xícaras de chá levam-me em direção a ele, mais à frente encontro o coelho do “país das maravilhas”, porém ao contrário de sempre não estava atrasado. Sorria para mim e através dele alcancei o altar.

Tudo a minha volta sumiu e os círculos de fogo voltaram a aparecer, contemplando-me.. a fumaça tornou a surgir, tudo começou a desmanchar em leves sopros e fragrâncias. Em cima do altar havia um olho muito atento, que a tudo observava enquanto refletia toda uma vida, que não me era estranha; a vida era sonho e o sonho era o mais real que até aquele momento tinha provado. Não pude resistir e ao tocar naquele olho descubro que eram meus olhos e todo aquele universo era meu próprio corpo... porém, esqueço-me do real. Acordo. Tive um sonho!

Enxugo minha baba enquanto acendo meu próximo cigarro...

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