domingo, 17 de abril de 2011



 Se houvesse algum homem capaz de criar um único argumento, suficiente em sua essência, para explicar o vazio  que acomete os corpos, esse homem deveria ser um deus. Pois se houvesse a possibilidade de se explicar através de palavras todas as pulsões, sentimentos, pertinentes ao homem, todas as chagas estariam estancadas e a agonia inerente ao universo da existência seria não apenas aceitável, mas real.
 Já que o ser da palavra, que a tudo denominou, dominou e destruiu mal sabe dizer sobre si ou denominar a si; é incapaz de descrever o eu, a alma, os sentimentos que compõe drasticamente cada pedaço dessa cognoscência. E por isso especula e divaga como uma mosca envolta da lampâda. E por isso brinca de deus, ao criar uma espécie de vida cibernética para imitar suas próprias pulsões.
 Tenta pintar da forma mais alucinógena a imagem de um ser repleto de deficiências, de doenças, escorado em uma muleta divina que aplaca a dor e fecha os olhos para o sentido em não existir sentido nenhum, como um véu de Maia.
 Sofre por não ser capaz de desvendar sua própria essência, se foi capaz de desvendar até a fórmula da massa borbulhante que originou sua evolução, se é capaz de reproduzir seus próprios sentimentos em um pedaço de lata. Mas não se desvenda, e por isso não cansa em procurar uma unica resposta para sua própria salvação!
 E agora homem, continuará brincando de deus para enfiar vida em uma lata, em um robô que pensará, que terá moral, que sentirá, ao invés de salvar suas crianças de carne, que morrem de fome todos os dias?

2 comentários:

  1. "O capital nos separa e a pobreza nos iguala"...

    Muito bom o blog!

    Provos Brasil

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  2. A humanidade é tendenciosa, sempre seguindo o rumo mais confuso.
    Tudo poderia ser mais simples, tudo poderia ser mais belo, sem tanta abstenção.
    Sempre será mais fácil dizer:"-Olha como sou bom, fui que eu fiz, eu fiz", mas poucas pessoas são capazes de erguer a mão para ajudar alguém.

    Belo texto e belo blog.
    Parabéns.

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