domingo, 7 de março de 2010

Felicidade?

( Imagem cedida por Pablo Picasso)


 Outrora, estive passeando por esses jardins de mentira, crendo que se algo faltasse aqui dentro, eu o deveria buscar no mundo, nesse mundo de perdidas ilusões...
Assim se passaram os anos de minha vida, sonhando que amava, descobrindo que errava, amando de fato, descobrindo que me enganavam... e em um ciclo, ah, como amei... doravante, nada de crescente se mostrou em mim... pois as perdas e decepções, me foram, cada dia mais, endurecendo. Os planos de alegria, a esperança de sentimentos, deram lugar à certeza de conhecer uma raça cruel.
Indagando, especulando em minha dor, encontrei a resposta mais perversa do que a ilusão... nada desse mundo me poderia preencher. Nem amores, amigos, devaneios de paixões, dinheiro, fama... nada disso seria algo a me trazer felicidade... e também quando penso em felicidade, tenho vontade de rir, mas não é alegria, e sim desespero.
Se Aristóteles tivesse vivido em nossa geração, provavelmente ele teria desistido de dizer que a felicidade seria uma atividade virtuosa da alma, pois se de fato fosse assim, me digam, quem seria feliz nos dias de hoje?
Me expliquem, quem, de todos nós "hiper-modernos", pode se dizer virtuoso? Antes ainda existissem os continentes... mas não, estamos entre a incontinência e o vicio. Tudo isso, um resultado claro para tanto desenvolvimento... para tanto imediatismo...
A felicidade, ao menos a aristotélica, que ao meu ver, é digna de louvor, está perdida para nossa geração...
De modo que volto à reflexão, seguindo essa sequencia ocasional de pensamentos e aulas de ética, e agora pensando somente em mim, creio que ainda seria uma perda de tempo buscar algo dentro de um objeto, sapientissimo, que os tempos modernos deixaram apodrecer...
Seria mentira de um ou outro, ou de todos os atores da vida, dizer que quando voltados para si, sentem uma paz inundar seu corpo, pois não! Que a paz poderia ser, de fato, existente se desde de pequena, me tivessem ensinado que o mundo nada me daria, muito pelo contrário, me deturparia, me destruiria e faria de mim alguém muito pior. Se tivesse ocorrido assim, jamais, na esperança de me satisfazer dessa busca, deixaria tantos penetrarem em minha mente, em meus sentimentos, não deixaria que levassem nada de mim.
E nesse dilema, estou hoje repartida em dois mundos, um, que já foi quase abandonado pela desesperança e o outro que só conseguirei abandonar no leito de morte.
Olho para fora desse ser, encontro dor, mentiras, hipocrisia, olho para dentro desse ser, percebo as estruturas frouxas dos terremotos, permitidos por mim, que entraram para saciar sua discórdia; vejo o longo caminho que me espera na busca de uma paz constante, mas essa busca será muito mais do que simples exercícios matinais, como sugeriu Aristóteles em Ética a Nicomaco. Ela será uma constante atividade, que talvez, jamais me traga uma virtude, mas que com certeza fará de mim alguém muito melhor.
 Se não entenderam o que me propus a dizer, posso o fazer novamente, de cor e salteado, num resumo breve ou em uma longa declamação.
Os anos de minha vida, trouxeram, prematuramente, a idéia de que esse mundo moderno, habitado por tantos, só me trouxe remorso e dor; as pessoas que passaram por minha vida, nada me deram, nada do que gostaria que fosse preenchido, essas pessoas preencheram, e muito pelo contrário, levaram um pouco mais de mim, me tornaram temerosa, me fizeram romper com qualquer virtude.O que me fez repensar sobre a tal da felicidade.


 Se não a encontro nos outros, ela só pode estar aqui, porém, quando olho para mim, muito tardiamente, infelizmente, percebo que se ela esteve aqui, já a muito teria partido, pois ao invés de me cultivar, deixei que me destruíssem.
Dessa forma, a felicidade aristotélica, digna de louvor perante meus olhos, para mim é já perdida, para nós é já perdida, pois ela se baseia em atividades virtuosas, mas quem de nós, homens “hiper-modernos”, pode se dizer virtuoso? Quem, de nós seres humanos, pode com certeza dizer que não se deixou corromper pelo mundo, que com suas próprias mãos destruiu?

3 comentários:

  1. Posso dizer que ainda me agarro a este mundo que eu poderia deixar ir embora antes de meu caixão. às vezes girto para que ele não se vá. Me sinto ingênuo muitas vezes, por receber as informações do mundo à minha volta de maneira tão dispersa...
    Continuem com as exposições na praça! está do caralho! vale muito a pena, realmente.

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  2. Visito teu suburbio hesito em te rever, murmuro versos junto ao muro...

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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